Essa semana foi movimentada em função da atitude controversa dos programas Tudo Azul e Smiles em bloquearem a conta de alguns dos seus membros por mera suspeita de venda de milhas. Isso até pode ser feito em função do regulamento do programa, porém essa cláusula é abusiva uma vez que as milhas são do cliente e de acordo com ordenamento legal brasileiro o cliente pode fazer o que quiser com suas milhas ou pontos.

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Mas por que isso aconteceu? E de onde vem tudo isso? E qual a tendência?

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Para responder essas perguntas precisamos volta um pouco no tempo. Os programas brasileiros eram espetaculares até meados de 2013. Era possível emitir uma First da American com apenas 60 mil milhas smiles, passagem para Orlando na executiva por apenas 50 mil pontos no TudoAzul, e a Latam nem se fala, quem era Black ou Black Signature numa das últimas promoções da LATAM pode voar Brasil – EUA por apenas 30 mil pontos e indo de executiva caso o upgrade liberasse.

E desde 2013 os programas vem sofrendo diversas desvalorizações, seja nos benefícios ou no valor dos resgates, e isso sim se deve grande parte ao comércio de milhas e pontos, ignorado inicialmente pelas cias aéreas brasileiras em virtude de sua própria ganância, pois as próprias empresas aéreas para lucrar mais começaram a vender milhas para as então agências de passagens com milhas e pontos, conduta essa feita até os dias de hoje.

Então, todos viram uma oportunidade em cada segmentos. As agências de milhas observaram um nicho, onde pessoas faturam uma “rendinha” extra através da negociação de milhas e pontos, já as cias aéreas perceberam que poderiam encher mais os aviões vendendo milhas e pontos para as agências tolerando essa conduta de comércio de milhas e pontos, e por fim, aquela pessoa que tem necessidade e precisa de um “bico” acabou participando de operações para alimentar esse mercado, e isso tudo se tornou um ciclo vicioso, sendo como sempre o cliente o mais prejudicado.

Não podemos culpar também quem opera para faturar, pois em tempos difíceis tal comércio salvou muita gente, mas infelizmente esse pessoal não percebe que eles alimentam algo maior, que são as agências de milhas que faturam muito mais e nem pagam tão bem assim.

Porém o cenário mudou, pois a demanda está muito alta, e as cias aéreas estão observando que parte do seu lucro está sendo prejudicado por esse comércio que teve um empurrãozinho das próprias cias aéreas. O próprio CEO da LATAM disse em público que o comércio de milhas é uma aberração e um câncer no Brasil, porém a própria cia incentivou tal comércio no início.

Então a mais pura realidade é que o comércio de milhas e pontos serviu muito às cias aéreas até certo tempo, e agora que está atrapalhando se transformou num “câncer”, e daí as cias vem tomando cada vez mais atitudes para frear esse comércio.

Atualmente o comércio de milhas e pontos serve justamente às agências de milhas, que estão de certa forma preocupadas, em função de uma possível interrupção no fornecimento de milhas, emprestando advogados, criando eventos e fomentando treinamento para comercialização de milhas e pontos através de alguns influencers sempre com o objetivo de propagar a mensagem de renda extra para atrair cada vez mais fornecedores a fim de manter o seu negócio aberto, negócio esse que existe somente no Brasil.

Então atualmente quem se aproveita desse comércio são justamente as agências de milhas, que agora pagam pouco aos seus fornecedores e os tratam como uma grande fazenda de milhas para dar continuidade aos seus negócios.

Infelizmente no Brasil, o negócio de milhas e pontos foi realmente desvirtuado do seu propósito fim que era o de fidelidade, e com isso benefícios foram reduzidos, e desde então somente desvalorizações aconteceram, e grande parte disso incentivado pelas cias aéreas até então, que agora estão alternando o foco já que estão percebendo que podem lucrar mais ao atuar nesse setor sozinhos.

O maior problema de tudo é que isso afeta a base de clientes, sejam os que utilizam por fidelidade, ou até mesmo que o fazem para garantir uma renda extra, porque cada vez mais os benefícios são reduzidos ou até mesmo eliminados, e na outra ponta o valor do milheiro reduzido e o tempo de pagamento aumentado.

Por isso sempre recomendamos aqui para que você utilize suas milhas para viajar, jamais faça poupança de milhas, e evite vender milhas, porque a tendência daqui para frente é piorar, e quem vai sair no prejuízo é você, porque cia área e agências de milhas só querem usar os seus clientes, logo se tem alguém que o comércio de milhas e pontos não serve é justamente VOCÊ.