O CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que a cia aérea vem tentando “ensinar as pessoas a amarem mais o Brasil”. Ele fez uma crítica pesada àqueles que já levaram seus familiares muitas vezes ao exterior, mas não demonstram interesse em conhecer os destinos locais.
Pois bem, vamos aos fatos, pois falar, qualquer um pode falar qualquer coisa, se bem o que ele disse é bem verdade, a grande maioria dos brasileiros preferem viajar ao exterior com intenção de turismo do que dentro do próprio território brasileiro.
Mas, dizer que isso não significa amar o país é um pouco maldoso, pois é necessário que o país também ame seu cidadão, afinal de contas, o que o país faz por você? Certamente você faz muito mais pelo seu país.
A grande verdade é que os custos para viajar dentro do Brasil na grande maioria das vezes é muito superior ao viajar para o exterior, basta observar trechos aéreos de curta distância superando os 2 mil reais, imagina esse gasto para uma família de quatro pessoas, mas não para por aí, pois por mais lindo que seja as cataratas, quais são as atrações que existem lá? Depois de contemplar aquela beleza natural, o que se tem para fazer na região? Pois é, falta estrutura, falta oferta de serviços, e o mais importante, falta concorrência de preço.
Além de tudo isso, a própria cia aérea que diz estimular o pessoal a viajar dentro do Brasil tem o pior programa de fidelidade com poucos parceiros, poucas oportunidades, preços exorbitantes para viajar dentro do Brasil e ainda pinta as aeronaves com personagens do mundo Disney, o que é uma verdadeira hipocrisia.
É muito chato escrever sobre isso, mas jamais iremos nos furtar ao fato de divulgar informações verdadeiras e expor essa hipocrisia, pois o que o CEO da Azul tenta fazer na verdade é jogar uma culpa sobre seus passageiros pelo fracasso da cia aérea, que vem tentando uma fusão com a GOL para sobreviver.
Infelizmente no Brasil tudo é invertido, os CEOS jogam a culpa nos passageiros, basta ver Jerome Cadier, CEO da LATAM que fomenta o comércio de milhas através de distribuição em massa de pontos, e depois vai a diversas entrevistas dizer o câncer da aviação no Brasil é o comércio de pontos, o que é muito simples de “curar”, basta ele parar de vender milhas com desconto e limitar as emissões com cartão de crédito do dono da conta e no máximo para 5 pessoas dentro de um ano, pronto, problema resolvido, mas não, é mais fácil falar e culpar os brasileiros pelo fracasso das políticas da cia aérea, vide que no dia de ontem fizeram uma festa de relançamento do LATAM PASS com muitas novidades, mas qual foi a verdadeira novidade? NENHUMA de porte para o seu cliente, o que houve foi na verdade um grande JABÁ para aquelas mídias carimbadas que se vendem e inclusive divulgaram as Passagens Flexíveis que prejudicaram muita gente da 123 Milhas, que tinha um contrato secreto de compra de milhas da AZUL, olha só, isso confirmado em audiência pública no Congresso Nacional.
Então vejam vocês, de novo, é muito triste escrever sobre isso aqui, porque o que parece é que existe dois polos antagônicos disputam, as cias aéreas e os passageiros, como se inimigos fossem, e muito do que é feito pode prejudicar muito mais o passageiro do que a cia aérea, porém quando aquele resolve recorrer à Justiça pelos seus direitos, aparece de novo a crítica dos CEOS contra a judicialização.
Logo, percebam, que nosso ambiente de aviação infelizmente está contaminado, onde as cias aéreas querem fazer o básico e não ter responsabilidade, e por mais desafiador que o setor seja, é possível sim ter lucro, mas tudo precisa começar com foco no cliente, basta ver a Qatar, Singapore e Emirates, que vem tendo lucros recordes.
É preciso mais concorrência no Brasil, sem isso, dificilmente isso aqui irá melhorar, enquanto isso, grande parte daqueles que te empurraram passagens flexíveis mais “influenciadores de sofá e de frases de efeito” estão celebrando e rindo de vocês na festa daquele que disse que o câncer da aviação do Brasil é o mercado de milhas e pontos. Gostou?