Eu não gosto, e não suporto criticar publicações alheias, mas isso tem um limite. A partir do momento que a publicação passa informações de forma a orientar o público a investir num suposto parceiro comercial para ter acesso ao benefício informado, a coisa passa a ter um viés propagandista de forma a “enganar” o leitor simplesmente para satisfazer o marketing contratado pela empresa em questão. Eu respeito muito a VEJA, e tenho a publicação como uma referência nacional, no entanto em sua coluna “Modo Avião” foi divulgado um artigo com certas contradições. Segue extrato dos texto “SIM, Você também pode ser Vip no aeroporto!” publicado no dia de hoje, 14 de Setembro de 2016.
“Mas saiba que ninguém precisa ser milionário, ter cartão de fidelidade ou viajar de executiva ou primeira classe para ter acesso a um lounge de aeroporto. Na realidade, sua entrada nestes oásis de comidinhas, bebidas, massagens, wifi gratuito e outros mimos é bem mais fácil do que muita gente imagina.
Claro que é preciso algum dinheiro _ou cara de pau_ para entrar nestas salas que despertam a curiosidade de quem nunca foi.
Se você quer ser VIP na sua próxima viagem, mesmo que por apenas algumas horas, aqui vão algumas opções.
>  Filie-se a um “clube de lounges”
> Compre um “day pass”
> Associe-se a uma companhia aérea
> Tenha um cartão de crédito que ofereça lounges em aeroportos
> Recorra a um aplicativo
> Peça ajuda a um desconhecido”
Pois bem, o texto começa bem porque realmente ninguém precisa ser milionário, ter cartão de fidelidade ou viajar de executiva ou primeira classe para ter acesso ao lounge. Mas então qual a alternativa que sobra? Ora Acessar o lounge de forma gratuita, ou onerosa. Mas aí fica a questão, de que adianta colocar um título chamativo desses numa publicação se a única forma de acessar o lounge é torrando dinheiro? 

Então deixo aqui registrado minha indignação, pois ser VIP gastando dinheiro qualquer um pode ser, e olha que não é pouco não, pois a autora escreve como se 50 dólares (175 Reais) para apenas utilizar uma sala Vip por algumas horas fosse uma pechincha.  Depois de mostrar as opções onerosas, a autora se contradiz com o que ela mesmo negou no início do seu texto de que não é necessário ter programa de fidelidade, nem ser milionário, mas recomenda que você se associe a uma cia aérea, e tenha um cartão de crédito que ofereça lounges em aeroportos, o que não é nada barato, e a maioria dos cartões que oferecem esse benefício apesar de não exigirem que você seja milionário, tem requisitos bastante rígidos para a concessão dos mesmos. Depois então cita o loungebuddy, que não tem propósito nenhum, já que o aplicativo também não dá acesso gratuito, e finalmente dá sua dica máxima para então sim ficar adequado ao título da matéria, “PEÇA AJUDA A UM DESCONHECIDO”.

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Fico muito triste com publicações como essa, pois enfraquecem o conhecimento, e me parecem mais artigos de “phishing” para a o leitor ou assinar o priority pass, ou as anuidades dos clubes das cias aéreas mencionadas, mas o mesmo artigo não ensina de fato como ser VIP no aeroporto SEM ter cartão de crédito, gastar dinheiro, ou não possuir um programa de fidelidade, porque isso simplesmente não existe. A experiência VIP é uma das formas da cia aérea, ou cartão de crédito fidelizar você, caso contrário gasta-se dinheiro, e isso é péssimo, e induz o leitor ao erro, porque vamos ver:
Uma pessoa que viaje pelo menos duas vezes ao ano para fora do Brasil terá um gasto de 400 dólares para utilizar a sala Vip em todos os momentos de sua viagem, o que equivale a pouco mais de 1.200 Reais, que é justamente a anuidade do American Express Platinum Card. Ou seja, é melhor solicitar o cartão de crédito e usá-lo (Pois o mesmo vem com outros benefícios como seguro saúde, desconto, serviços exclusivos) do que gastar dinheiro avulso na compra de passes de sala VIP. Todavia sabemos que nem todos conseguem ter acesso a esse cartão, então a melhor opção seria o programa de fidelidade da empresa aérea, que através de um desafio ou “challenge” permite que você pague uma taxa pequena geralmente 150 a 200 dólares dependendo da época do ano para que você usufrua dos benefícios elite do status. No caso de o perfil do viajante não se encaixar no caso do cartão de crédito, ou programa de fidelidade, aí sim, só através do pagamento avulso da Sala Vip, algo que nunca fiz, e nem recomendo fazer, pois pelo menos na minha opinião é muito dinheiro para pouco tempo, e não vai ser o acesso a sala vip que irá te transformar num cliente VIP, ou anda te proporcionar uma experiência VIP, principalmente nos dias de hoje que com aeroportos cada vez mais modernizados a infraestrutura ao viajante esporádico não deixa a desejar. 
Preciso confessar então que não gostei do texto, pois enfraquece o mundo dos programas de fidelidade, com uma orientação clara para que o leitor invista nos programas avulsos como se isso fosse fazer dele um cliente VIP, o que não é verdade. Além disso, quando você investe no programa de fidelidade você tem benefícios do início ao fim da experiência de viagem, e não somente no acesso a sala VIP como acontece quando você compra um passe, que não te dá direito a fila prioritária no check-in, limite extra de bagagem, atendimento preferencial, assentos preferenciais no avião, upgrades gratuitos, entre outros que não o simples acesso a sala vip. 
E tem outra coisa, imagine o leitor desse artigo que vai para o aeroporto viajar de American no Rio de Janeiro acreditando que será VIP, chega e tem de enfrentar fila na econômica, é mau olhado pelos atendentes como se estes o estivessem fazendo um favor. Chega na sala vip 2h antes do voo, paga os 50 dólares do passe, e dá de cara com um puxadinho (antiga sala vip), coitado, é digno de pena isso, pois não acho justo pagar 50 dólares para tomar sopa de abóbora com bebida alcoólica, e alguns salgadinhos. No entanto cada um faz o que bem entender, e gasta seu dinheiro aonde quiser, mas escrever um artigo orientando o leitor a fazer isso não acho legal, e por isso vai esse alerta aqui, pois o título do artigo dá uma ideia completamente oposta da essência central daquilo que lá está escrito, a não ser que você tenha cara de pau de pedir para algum estranho acesso conjunto a sala VIP, aí sim o artigo está correto, pois é de fato a única forma de você acessar a sala VIP sem gastar dinheiro, ter cartão de crédito ou programa de fidelidade. Boa Viagem.