A CNN divulgou hoje a reportagem sobre um blogueiro norte americano que utiliza do famoso “Manufacture Spending” e dos Bônus de Cartão de Crédito para viajar em luxo por uma fração do custo real daquilo que a empresa aérea cobra. Achei a reportagem muito interessante em vários aspectos, e infelizmente já adianto que os mecanismos que o rapaz usa para realizar aquelas proezas não é possível de se replicar no Brasil, primeiro, porque no mercado brasileiro os cartões ainda pagam muito mal e quase nunca dão bônus em milhas ou pontos, e segundo porque também o “Gasto Fabricado” é difícil devido a falta de parceiros e um bom retorno, sendo que o último brasileiro que tentou emitir boletos para si mesmo foi parar na cadeia, no que na minha opinião foi uma prisão midiática e desnecessária, pois não houve crime cometido pelo menos nessa conduta, até porque o mesmo arcou com todos os custos da operação.
Mas, vale a pena ressaltar duas coisas que considero importante, e que a reportagem parece querer construir uma personagem mitificada, onde não existe mito nenhum. Primeiramente, realmente não existe almoço grátis, e se uma coisa parece ser muito boa para ser verdade é porque realmente é, a CNN que me desculpe mas o custo da milha e do ponto está sim incluso no valor da tarifa, e como diz nosso sábio colunista Dr. Luiz Danna, quando você resgata algum prêmio você está pegando a sobra, pois empresa aérea alguma é louca de deixar você pagar um assento com milhas e pontos no lugar de alguém que esteja pagando com dinheiro propriamente dito, e inclusive eu já presenciei pessoas que emitiram bilhetes com milhas ou pontos sendo retiradas do avião para ir no dia seguinte ou retornando para a econômica caso alguém resolva pagar de última hora àquele assento previamente emitido com milhas ou pontos.
Segundo, realmente é possível tirar um valor maior pela milha adquirida como a reportagem explicita, porém isso irá terminar na metade do segundo semestre do próximo ano, logo como já disse aqui antes, a mudança no programa AAdvantage irá exterminar a famosa “mileage run” ou “corrida da milha” o que vai impossibilitar de vez o “alto lucro” no resgate de prêmios. Além disso a reportagem também cita o uso de compra de milhas para diminuir o custo da passagem, o que até sou a favor, porém não considero isso um grande negócio, daí o título da postagem. Isso é uma das coisas que me deixa maluco, pois eles tratam 1 segmento de voo com um verdadeiro talismã. Volta e meio é possível ver as seguintes propagandas “Voe Primeira Classe da Emirates por apenas 1 mil dólares”. Daí quando você vai ver é uma perna e da Europa para o Oriente Médio, uma coisa de louco, porque obviamente você irá gastar muito mais do que mil dólares para voar nesse luxo.
E por fim, apesar de ter dito duas coisa, existe uma terceira que é o fator pessoal. Qual o propósito de viajar, mesmo que em primeira classe, sem destino? Posso estar enganado, mas me parece que a reportagem da CNN trata isso como um mérito, ou ideal, quando na verdade, apesar da importância da jornada, você viaja de e para algum lugar, preferencialmente algum lugar novo e desconhecido, ou que você curta bastante. Não me entendam mal, não estou querendo criticar o rapaz por voar sem razão ou despropositadamente, se é isso que ele gosta, deve continuar morando a bordo de aviões, mas a mensagem que deveria ser passada aos leitores é justamente ao contrário, de pessoas, que sem condições, conseguem superar todas as dificuldades e barreiras para então sim realizar a viagem de seus sonhos, pois o que lhe parece mais legal? Experimentar aquela cabina pela primeira vez ou voar desmotivadamente apenas por voar em cabines de luxo?
É até legal seguir o rapaz no instagram para ver as fotos, mas pelo menos eu considero esse custo muito alto, seja de tempo e de família. Eu considero que viajo bastante, e inclusive esse ano extrapolei, e isso tem um impacto muito grade na nossa vida pessoal, como ele mesmo disse é difícil manter relacionamentos. Considero o legal desse negócio a superação, como muitos leitores conseguem ao longo do ano atingir o status máximo, ou viajar por um Bug, tudo isso com os obstáculos de tempo, do trabalho, e principalmente dinheiro. Então ao invés de propagandear esse estilo de vida insano, a CNN poderia pedir para o rapaz abrir o livro dele e mostrar quanto realmente ele gastou para adquirir os pontos e posteriormente resgatá-los, pois mesmos os cartões que oferecem bônus tem um gasto mínimo daí se ele gastou 40 mil dólares para receber 50 mil pontos e voar naquela cabine não seria melhor pagar 10 mil dólares logo? Esses 40 mil dólares já são gastos do rapaz necessário? Se sim, então alguém com uma despesa de 40 mil dólares mensais não é tão “homeless” assim, e por aí vai… existe o custo, porém esse custo nunca é revelado, o que por vezes até me deixa na dúvida se o passageiro está viajando por pontos mesmo dada a alta restrição de assentos em voo, e a saber que para alguém estar sempre viajando com intervalo de 3 dias no mês é necessário pelo menos 1 milhão de pontos no mês, considerando classe executiva (nem primeira classe), o que me faz suspeitar que essa reportagem é um pouco surreal ou no mínimo suspeita, logo não fique triste ou para baixo com essa leitura achando que você está perdendo nesse jogo de milhas, pois certamente você viaja (literalmente falando) muito mais do que o rapaz que mora no avião. Boa Viagem.