Depois de ter dito que o comércio de milhas e pontos é o câncer da aviação no Brasil, o atual CEO da LATAM, Jerome Cadier, afirma em entrevista que existe um segundo câncer também, que é a judicialização.

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Ocorre que os exemplos dados pelo CEO são sempre os mesmos e mais esdrúxulos, que dificilmente conseguem avançar na justiça, pois o Juiz é altamente capaz de saber quando o dano é devido ou não, pelo menos na maioria dos casos.

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Na verdade, o que o CEO da LATAM procura é uma proteção extra para lucrar mais, e essa é a mais simples verdade. 

No Brasil só existe judicialização porque a cia aérea apresenta algum motivo para tal.

Quantas vezes ao perceber uma possível falha ou problema você proativamente ligou para a cia aérea para tentar consertar aquela falha? E responda-nos, quantas vezes você foi atendido?

Um excelente exemplo disso aconteceu com a família de um leitor, mas com a American Airlines, onde a família solicitou a antecipação de voo de GIG para GRU pois estavam achando que a conexão era apertada, porém a resposta da AA foi que seria uma mudança voluntária e custaria 2 mil dólares por pessoa.

No dia da viagem, por problemas do aeroporto Rio Galeão, o avião saiu atrasado o que fez a família perder a conexão de GRU para LAX, o que rendeu hotel, alimentação para todos, e ao serem realocados para o voo seguinte, perderam a bagagem, o que ensejou ainda mais uma indenização de cerca de 3 mil reais por passageiro. Eram cerca de 12 nessa viagem.

Então por que acontece a judicialização? Porque existe a falha da cia aérea que causa um dano ao passageiro. 

Por que a cia aérea assume o risco? Porque grande parte dessas falhas podem ser resolvidas por telefone e terão custo ZERO para a cia aérea, mas arrecadadoras como são preferem cobrar para resolver uma possível falha ou problema que irá gerar um dano futuro, e assumir o risco, do que ajudar o cliente.

E sabem por que as cias aéreas causam danos aos passageiros e assumem o risco da judicialização? Porque de todos os passageiros afetados, cerca de 20% ajuízam as ações.

Na realidade, grande parte do público fora do Brasil não ingressam com ações judiciais, porque o setor de atendimento ao consumidor consegue ainda fazer bons acordos com seus clientes. Já no Brasil, quando você procura a cia aérea para reparação de algum tipo você escuta: “Acione a Justiça”.

Então existe uma disparidade muito grande entre o mercado brasileiro para querer vir aqui e afirmar que a judicialização é um câncer no mercado de aviação do Brasil. 

Você só pode ingressar na Justiça se houver uma causa de pedir, e isso existe, porque as cias aéreas falham, e essas falhas são evitáveis.

Então na prática o que o CEO da LATAM quer é uma proteção extra para manter a operação deles exatamente como está sem a necessidade de reparar o seu cliente (passageiro) na eventualidade de uma falha ou dano, que na realidade brasileira não é tão eventual assim.

Agora, você quer ver a judicialização diminuir? É somente a cia aérea assumir uma postura inteligente e competente, ou seja, ajudando os clientes proativamente para evitar quaisquer falhas ou danos, e casos esses ocorram, também serem proativos e entrarem em contato com o cliente para chegar a um acordo e evitar uma ação judicial, mas infelizmente isso não acontece aqui.

E você? Concorda ou discorda? Acredita que a judicialização no Brasil é um câncer também?